GERAÇÃO HAMBÚGUER E COCA-COLA!

Ai que saudades que eu tenho, dos idealistas de outrora: que varavam as madrugadas, em discussões sobre o futuro político do País, de sua região, de sua comunidade. Ai que saudades que eu tenho das lutas estudantis, dos shows universitários e seus artistas malditos como Fagner, Belchior, Gonzaguinha, Ivan Lins...
Ai que saudades que eu tenho dos manifestos universitários, das lutas dos diretórios estudantis, dos manifestos da UNE, da consciência revolucionária e contestatória da classe estudantil em não aceitar passivamente as arbitrariedades cometidas pelo regime, quando cassava políticos por sua conduta ideológica, seus credos e sua tomada de posição, tendo seus direitos políticos cassados e ao mesmo tempo expulsos da pátria mãe e perseguidos por governos militares, passando a viver em países estranhos, com língua e costumes diferentes.
Ai que saudades que eu tenho daqueles idealistas que correndo da polícia na dor da tortura, arriscaram seu futuro, carreira, família, a própria integridade física por um ideal de um país melhor e uma nação mais justa para seus filhos; vistos como subversivos, estes idealistas viviam em constante vigília como nômade, sem um lugar fixo, um pouso seguro para descansar ou até mesmo respirar, fugindo da repressão, dos porões da ditadura e seus torturadores ávidos para trucidar e eliminar os contrários ao sistema.

Porque, com toda a corrupção que se vê nos tribunais, nos gabinetes, nos presídios, nas câmaras municipais, no congresso e no nosso sistema democrático, onde as pessoas se vendem por um benefício qualquer; onde as siglas dos partidos são negociadas de forma vil; valeu a pena repressão e a tortura? Valeu a pena o sacrifício dos idealistas? Não é difícil essa resposta. Tantos morreram por nada. Como Vladimir Herzog, Luis Carlos Prestes, Olga Benário, e tantos outros... Valeu, pela democracia? Morrer por toda essa corrupção? Esse jogo de interesses? Valeu morrer por toda essa miséria? Pela droga disseminada nas universidades, onde estudantes consumidores vivem no mundo da lua, envolvidos em baladas noturnas, consumindo ecstasy, cocaína, maconha e detonando família, formação acadêmica, e tudo mais? Serão esses os profissionais do futuro? Serão essas cabeças que irão governar o Brasil do futuro? A geração fastfood?
Que apesar de toda a informação, apesar da globalização, da automação, da internet e de toda tecnologia da era da industrialização da robótica, vive aérea e não se manifesta para nada, a não ser para o carnaval fora de época e o forró de plástico. Porque hoje “Vou ao bar para beber” “lapada na rachada” e “A mulher não deixa não” são hits que justificam a eleição de Tiririca à Câmara Federal, à eleição de Toinho do Sopão à Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba. Estamos aí, com bibliotecas vazias, escolas vazias, mentes vazias, teatros vazios, entretanto com estádios lotados, bares frequentados, baladas e noitadas cheias de adeptos. O jovem de hoje tem consciência política? Manifesta-se e participa das questões sociais e reivindica justiça social? Geração Hambúrguer e coca-cola!


Edilberto Abrantes.

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