Eu vivo a minha contemporaneidade

Vencendo Barreiras/Ilustração Edilberto Jr
Imaginar que estamos crescendo como cidadãos e vivendo a nossa tão propalada contemporaneidade, é uma temeridade e, antes de qualquer coisa uma falta de conhecimento e critério técnico neste julgamento, de visão prosaica de que evoluímos enquanto pessoas, enquanto sujeitos civilizados; mas, não é bem assim: estamos anos luz de atraso se nos compararmos a outras nações, outros povos, outras formas de governo, de cidadania, de municipalidade, de evolucionismo cultural.
É bem verdade que vivemos numa democracia, correto? errado. 
Alguém pode até dizer que temos liberdade para ir e vir em circulação pelo país sem sermos incomodados, verdade? verdade.
Mas, também é verdade que a lei não controla o consumo desenfreado de bebidas alcoólicas em nossas estradas que continuam sendo palco de morte de inúmeras vítimas de bêbados e de criminosos ao volante em finais de semanas e feriados prolongados.
É bem verdade que a lei também, não pune o infrator, o delinquente, o assassino que sempre tem em sua defesa um advogado digno representante dos direitos humanos e que sempre livra a cara do criminoso em troca de bons honorários e do pagamento de uma fiança que é uma piada, e que não contribui em nada para a estrutura de nossas delegacias que mais parecem pocilgas do tempo da inquisição, de tempos medievais, em estágio decadente com iluminação deficiente, paredes imundas e mobiliário que lembra um ambiente pós-guerra. Afinal, para onde vai o dinheiro das fianças? falta transparência e ainda nos sentimos na contemporaneidade, na modernidade das coisas.
Afinal o que é modernidade? eu não saberia responder, pois, a China conservadora, é um dos países que mais vende tecnologia de ponta para o mundo, mas, o seu povo vive às voltas de um sistema de governo repressor que não respeita a democracia, a liberdade de expressão, os direitos humanos, as garantias individuais e todo o ocidente compra da China, sem reclamar. Por que isso?
Se nós exportamos para a Inglaterra ou para os Estados Unidos algum produto que eles não queiram, eles dizem para o mundo inteiro que este ou aquele produto brasileiro feriu as regras do livre comércio internacional, e que o produto brasileiro é fruto do desmatamento ilegal, ou do trabalho escravo ou fere os direitos humanos por que foi produzido pela exploração de mão de obra estrangeira ilegal, etc... mas, e da China, o que dizem eles? nada.
Quem vai brigar com um mercado consumidor de mais de Um Bilhão e Quatrocentos milhões de pessoas? Isto é contemporaneidade. Isto é modernidade, quem pode mais chora menos... não há democracia, politicamente correto ou doutrina a ser seguida, preceitos, conceitos, convenções, normas, códigos de ética ou esta ou aquela ideia do que seja o certo ou o errado.
Eu não vivo a contemporaneidade da China, nem da Inglaterra e tampouco dos Estados Unidos, e não sei qual é a do Brasil ou da América Latina.
Eu vivo a minha contemporaneidade, sou um homem do meu tempo, por entender que um grama de ouro vale mais do que um cidadão dentro do contexto social da lei e da ordem, o resto é contar favas e fazer da métrica um composto da rima.

Edilberto Abrantes.

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