Desligue os aparelhos!

- O paciente não está respirando... o que faremos doutor?
- Corra, coloque os aparelhos!
- Mas, ele já está com os aparelhos!
- Desligue os aparelhos, então!!!
- Assim, na bucha???
- Claro, rapaz... Você sabe lá quantos pacientes estão na fila de espera da UTI?
- Ih, doutor... esse hospital tá parecendo os correios e o Banco do Brasil? é tudo na fila, é?
- A norma é essa: priorizar a quem pode ter chance de vida. Quem já estar morto, morto está,  e não podemos fazer nada!
Todos os dias presenciamos situações como estas, em que a vida do cidadão não tem o menor valor diante da prestação de serviços de saúde oferecidos pelos hospitais públicos que contrários à lei prestam um serviço de péssima qualidade e omissão. Segundo a Constituição todos tem direito à seguridade social e atendimento médico gratuito de qualidade, mas, não é o que vemos acontecer todos os dias à nossa volta com os fatos mais bizarros se sucedendo pelos corredores da saúde pública, como pacientes que tem sua morte diagnosticada e pouco depois assustam familiares e vizinhos próximos com suores suspeitos e estremecimentos; pacientes no roll dos obituários que despertam em velórios e trazem notícias do além vivendo poucos segundos, minutos... mortos pela asfixia de um tenebroso caixão hermeticamente fechado, lacrado, parafusado, extremamente fechado, uma câmara mortuária que tem tirado a vida de doentes e pacientes que passaram pela má sorte do descaso médico e do corre corre da vida moderna. 
Afinal, quantos ainda passarão pela agonia de um atestado de óbito impreciso, indefinido? quantos ainda terão que morrer na cena de um velório? no palco de uma missa de corpo presente, na igreja? a caminho do cemitério no percurso da sua última caminhada, em consequência da ineficácia de um óbito duvidoso? morrer nunca foi tão vexaminoso e tão deprimente, concorda?
Se a moda pega, com certeza o preço dos caixões, das urnas funerárias vãos subir, pois, virão com dispositivos eletrônicos de alerta informando a condição mortis do pé-na-cova e um sistema ultramoderno de ventilação para garantir uma morte com sustentabilidade. 
Que ninguém brinque com a morte!

Edilberto Abrantes.

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