No entardecer do Sertão!
"Quando eu morrer que me enterrem na beira do chapadão, contente com minha terra, cansado de tanta guerra, crescido de coração!"(Apud Guimarães Rosa)
Este sentimento verdadeiro de amor ao torrão natal, às raízes nordestinas, aos costumes do sertão, do cafezinho informal, da conversa de pé de orelha, das cadeiras nas calçadas, dos lugares frequentados no dia-a-dia, das tradições cultivadas por gerações, é o que nos mantém enraizados no sertão! É por isso que amamos tanto esta terra, com suas contradições e dilemas, com suas necessidades, com seus problemas, seus mitos e fantasmas, e o sofrimento diário nos aproximando ainda mais através das intempéries e o braço poderoso da natureza quando a seca, as inundações cria estados de calamidade e de alerta. Não há lugar mais bonito que um entardecer no sertão! O som de um velho carro de boi rangendo pelo sertão mágoas e choro dos ferros lembrando épocas passadas com seus fantasmas e uma geração que por aqui passou na construção desses sertões! Meus valores continuam os mesmos desde quando sai de casa há 30 anos atrás. Apesar de ter morado grande parte da minha vida no sul do país, e ter retornado há pouco tempo para o sertão da Paraíba, não perdi o meu sotaque de sertanejo do nordeste, nem deixei de gostar de Carne de Sol, Cuscuz, Tapioca, Mungunzá e tampouco a grande música nordestina de Luiz Gonzaga o rei do baião; tampouco esqueci os versos do grande Patativa do Assaré; do grande violeiro Ivanildo Vilanova e tantos outros como Pinto do Monteiro; Gênios como Ariano Suassuna e Augusto dos Anjos,. Salve José Lins do Rego, isto é sertão, é por do Sol, é a coisa mais linda do mundo! é a poesia de Robson Marques, Mozart Gonçalves, João Romão Dantas e todo o imaginário de poetas do Rio do Peixe, de Sousa cidade linda do sertão paraibano. Quando eu morrer, que me enterrem no sertão, no alto sertão da Paraíba, em Sousa! No entardecer do Sertão.
Edilberto Abrantes.
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