Então, o que somos nós?

Quero deixar registrado nas pegadas da rua todo o meu despreendimento diário na labuta do dia-a-dia; deixar o meu descontentamento registrado em cartório com a civilidade de meus pares,  com a passividade perante tantos desmandos e tanta desigualdade no seio de nossa gente; pelos cacos e restos de comida jogados e atirados ao longo do caminho; orelhões quebrados com seus telefones mudos, placas de sinalização e regulamentação do trânsito vandalizadas e arrancadas de seu lugar de origem. Quero me fazer ouvir pelas autoridades constituídas: Juízes, promotores, executivos públicos, legisladores e gestores públicos em geral... Preciso ser ouvido, já estou cansado de escutar! Estou cansado das filas, das senhas, da central de marcação, central de regulação, do setor de triagem, do cadastro de reserva, o meu amanhã é hoje!
Para que tanta espera? fila de espera? fila do transplante, fila do doador, fila da casa própria, fila de benefícios, fila da morte, fila de banco, fila do metrô, fila do ônibus, fila no gabinete, da secretaria, do mercado, do açougue, fila da zona...
Sou cobrado diariamente em meus deveres e tenho contribuído de forma ostensiva para a manutenção de muitos privilégios que não são meus. Através de uma carga tributária alta e de uma taxa de juros das mais altas do mundo, nós brasileiros trabalhamos para sustentar as regalias do governo federal e dos políticos brasileiros que se dão ao luxo de aumentar seus próprios salários em 62%. E o povo? em meio a passividade e desdém não se manifesta e não repudia tamanho descalabro, preferindo gastar o mísero salário que ganha em lojas de eletrodomésticos comprando o aparelho Celular da moda.
Então o que somos nós?

Edilberto Abrantes.

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