Paranóia indigesta!

Estou ficando paranóico! Na hora do almoço horário sagrado para uma refeição saudável, lá estou eu comendo um bife mal passado quase escorrendo sangue no vão dos dedos e, bem à minha frente uma televisão ligada num noticiário policial onde assisto as mazelas diárias do nosso cotidiano sertanejo em que o crime e a ação da polícia me abrem o apetite e me fazem comer como um animal carnívoro, estimulado pelas balas e desgraças alheias narradas de forma apelativa por apresentadores de funerais no horário nobre da televisão do meio dia. Facadas, tiroteios, estupros, assaltos, assassinatos são melhores que Biotonico Fontoura para abrir o apetite! A minha antropofagia se mistura com a miséria relatada no sensasionalismo barato dos canais de Rádio e TV para conseguir audiência. Sinto-me um canibal devorando o Bispo Sardinha numa praia qualquer de nosso tão mal policiado e desprotegido litoral brasileiro.
Ligo o rádio e em vez de uma canção bonita de Roberto Carlos escuto o barulho da sirene de uma ambulância pedindo passagem entre um batalhão de repórteres ávidos por um furo jornalístico para alimentar a nossa loucura diária com reportagem em porta de cabaré, leitos de hospitais com pacientes em estado terminal; notícias em pontos de drogas, locais de desova de traficantes; encruzilhadas e bocas de fumo; roubos e extorsões, tudo no nosso horário sagrado do almoço. Qualquer dia desses posso vomitar em cima do prato e achar esse gesto involuntário uma coisa normal comparando-se com a banalização que se faz do crime e como ele está presente em nossa vida particular.
De certa forma estamos aprendendo e ficando experts com a miséria alheia e com os pontos negativos que não são uma influência nada boa em nossas vidas.

Edilberto abrantes

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