O Lobo e a Presa
Não podemos combater a prostituição de nossas meninas e meninos de rua quando alimentamos a marginalidade com a nossa indiferença; com a nossa omissão social se a gente dá de ombros e vê a questão social como algo distante de nossa realidade, como se isto não nos pertencesse, não fizesse parte de nosso dia-a-dia, do nosso mundo... quando nós idiotas pensamos que essa pobreza só existe na ficção do cinema ou nos países da América central e da África.
É certo que, estendemos a mão para dar esmolas aos mendigos e pedintes à nossa porta, mas, também viramos as costas quase sempre às meninas de rua que perambulam pelos becos e esquinas de nossas cidades e brejos, sítios e pequenas comunidades (não vou falar dos grandes centros, que são hours-concour) para venderem sexo barato e de risco em troca de um sanduíche, um gole de cerveja, a luz psicodélica de um quarto de motel com sua cama redonda ou lamentavelmente em um terreno baldio qualquer, ou na bancada de um carro qualquer com teto solar ou não, se entregando aos caprichos animalescos de um sujeito qualquer, que agencia e alicia essas crianças abusadas sexualmente e de forma vil pela sociedade e sua mão infame!
Meninas em idade escolar engravidam, tornam-se usuárias de drogas do crack, do álcool e de outras substâncias entorpecentes e degradantes na sua dependência química com seus fantasmas e miséria que uma sociedade desigual e desumana cria todos os dias e nada faz para afastar os espectros que atormentam a frágil condição social de nossos jovens e suas famílias.
Quantos pedófilos, maníacos, estupradores circulam pelas nossas ruas como criaturas invisíveis praticando crimes hediondos sob o biombo da impunidade e da nossa impotência e da nossa covardia e cala-boca, de nossa submissão e aceitação da coisa ruim que sempre nos assombra com sua mão perversa?
Até quando seremos cordeiros em meio a essa matilha crescente de lobos prontos para nos comer a carne e roer nossos ossos, até não restar mais nada deles?
Até quando?
Edilberto Abrantes.
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